Caso das praxes violentas conhece hoje decisão
Com a sentença - que será conhecida esta tarde - chega ao fim o caso de uma praxe violenta ocorrida na Escola Superior Agrária de Santarém. Sete anos depois de ter sido "barrada" com excrementos de porco contra sua vontade, a caloira Ana Francisco apenas exige "justiça" e quer ver condenados os autores da praxe.
No banco dos réus estiveram sete jovens que pertenciam à comissão de praxes da Escola Agrária e que foram acusados pelo Ministério Público (MP) dos crimes de coacção e ofensa à integridade física. Crimes que, segundo MP, ficaram provados durante as várias sessões de julgamento, já que na opinião do Procurador as acções cometidas contra Ana Francisco - que ainda foi obrigada a fazer o pino sobre um bacio cheio de bosta - não foram actos de praxe "mas sim um castigo".
Nas alegações finais, o MP pediu ao juiz que aplicasse aos jovens arguidos "penas que transmitam uma mensagem para o meio estudantil".
Da mesma opinião comungou a advogada da caloira, que pediu uma condenação "de carácter pedagógico". Pena que, frisou na ocasião, não irá ter qualquer consequência para Ana Francisco, mas que "poderá servir para outros caloiros".
Este caso remonta ao ano lectivo de 2001/2002. A 8 de Outubro, os veteranos levaram os caloiros para a Quinta da Bonita, propriedade da escola, para apanharem nozes. Um telefonema da mãe que Ana Francisco atendeu terá motivado "o castigo", assegurou em tribunal a estudante que, ao longo de várias horas, contou "o suplício" por que passou. "Tortura" e "humilhação" foram palavras proferidas pela jovem, que depois de ter denunciado o caso em carta ao então ministro do Ensino Superior, Pedro Lynce, e ter apresentado queixa na PSP, foi obrigada a sair da escola. Hoje continua a estudar, mas em Lisboa. AS